domingo, 9 de fevereiro de 2014

Foi em Setembro que te perdi.

Já não escrevo há muito tempo. Talvez porque neste intervalo, as palavras não fizessem sentido. Talvez porque não conseguia escrever aquilo que sinto. Fazes-me falta, já te disse? Fazes-me tanta falta.
Encontrei em ti o meu ideal.
Encontrei em ti alguém que eu não fui, nem sou, capaz de ser. És a minha ambição, o meu sonho tornado realidade. Mas, tu, meu pequeno Deus de algibeira, já não queres saber. Não te guardo rancor, mas não entendo, como é que depois de tudo, e o tudo foi pouco, não me queres ver.
Sinto-me abandonada por ti. Sinto-me esquecida. Anseio pelo dia em que vou voltar a ver-te. Olhar para ti mesmo sem te dizer nada.
Eras o meu ideal. Tens noção disso? Não. Tu nunca tiveste noção disso.
Eras mais do aquilo que pensavas. E por ti abdiquei de muitas coisas. Por ti abdiquei de ser feliz. A mágoa que sinto quando penso no que aconteceu, é mais forte do que qualquer sentimento. Apaga todos os outros. Porque sim, a mágoa ainda cá está.
O perdão é irreversível.
Não existe perdão.
Nem eu pretendo que me compreendas.
Será que vale a pena?
Será que tu vales a pena? Pensava que sim. Que irias ficar comigo como tens ficado. Que nos voltaríamos a ver, e tudo seria como dantes. Mas não, agora é como se nunca tivesses existido.
Deixa-me ser egoísta. Deixa-me ter-te só para mim.
Não tenho saudades tuas.
Tenho saudades de ti. Da tua simples companhia. Do teu riso alegre que contagiava o meu. Da tua mão sobre a minha quando querias que te olhasse nos olhos.
Eu olhava. E via-nos aos dois.
Estou só. Porque me quiseste assim. Porque me deixaste. Porque eras a minha companhia.
Anseio voltar a ver-te, para que me tires desta solidão, destas cordas que prendem ao que tu não és. Não és meu.
Tenho duas almas em guerra por ti, e nenhuma vai ganhar, porque tu não vens.
Volta. Tens alguém contigo que te dá a merecida atenção, o merecido descanso, mas eu também preciso de ti.
Disseste que iria ter uma surpresa. Foi esta a surpresa que me quiseste dar? Estar longe de mim?
Eu sabia que iria ser assim. Porque eu no fundo conheço-te.
Sabia que a minha alma egoísta não me levaria a ti, e me tiraria de ti. Mas também acreditava em algo melhor. Acreditava em ti. Confiava em nós.
Fizeste de mim uma pessoa a quem podias contar sentimentos e depois fugir. Mas também fizeste de mim uma pessoa melhor. Estiveste comigo quando precisei, e mesmo quando não precisei.
Hoje acordei e não estavas a meu lado. Mas alguma vez foste meu? Alguma vez me pertenceste por inteiro?
Hoje acordei e não estavas a meu lado. Cada vez me convenço mais que não foste, não és real.
Cada vez me convenço mais que não voltarás a estar comigo. Que tudo não passou de uma fantasia, tua e minha. Fizeste-me acreditar que me irias incluir no teu mundo, que quando mais precisasse de ti, tu irias lá estar. De braços abertos e de sorriso no rosto.
Que não irias ser todo meu.
Mas que metade de mim te iria pertencer.
Prometeste que irias lá estar. Mas alguma vez estiveste mesmo?
Oh Deus, quem me dera voltar atrás. Voltar a sentir-te perto de mim. Mas não. O tempo é o aqui e agora.
Não és meu.
Não foste meu.
Não serás meu.
Perdoar não é esquecer. E eu vou esquecer-te. Mas não me peças para te perdoar. Quanto mais te escrevo, mais a dor da tua ausência se acentua.
Fica.
Não partas agora.
Demorei tanto tempo a aprender gostar de ti. Cada dia que passei a teu lado, foi um momento único, e só meu.
Lembras-te de mim? Certamente que não. Já passou mais de um ano.
Fica, amor.

Era o que eu mais queria.