terça-feira, 19 de outubro de 2010

Fim

Fazes parte de mim. Estás em mim quando escrevo, quando ando por aí, estás em mim quando penso em ti. Tiraram-me de ti. Arrancaram-me de ti por pensarem que não era capaz de te fazer sonhador. Queria puder ver-te mais uma vez. Dizer-te tudo aquilo que não te consegui dizer. Talvez falasse através dos beijos. Talvez não te quisesse dizer mesmo nada. Sabes que começo a esquecer o som do teu riso? O meu coração está em silêncio desde o dia em que partiste. Que estupidez! O que é que me faz estar aqui ainda, quando o que mais quero é DESAPARECER! Volta. Fala. Discute comigo para ao menos recordar a tua vez, ainda que digas coisas que mereço ouvir. Eu sou o tempo; sou nada, o nada veloz e imóvel que molda o corpo do tempo. Deixar de ser é ainda acatar as regras implacáveis do ser. Estou esgotado de correr contra a dor, contra a memória, contra a infância, contra o amor e o ódio. Não há paz no instante, e eu vivo de instante para instante.

Ensina-me uma dor que não passe, ensina-me a sofrer. Ensina-me uma dor que não passe, que possa fulgir no sulco das lágrimas quando as lágrimas tiverem secado, que possa deixar um lastro sobre a mesa em que a minha cabeça pousou, desesperada.

Tudo isto é o fim.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Deixa...

O desejo de ser teu, o desejo de te poder sentir, de te poder tocar, é aquilo que sinto neste pequeno momento que parece uma eternidade. Mas deixa, não faças nada, não te mexas, mantém-te assim, bela para mim, deixa-me contemplar a última beleza que me apresentas. Ao teu simples olhar, ao teu simples toque, até as almas mais castas pensam na impureza. Sinto-me atraído por ti. Mas esta atracção é diferente. Leva-me a pensamentos que não quero ter, mas essencialmente a sonhos que desejo ter... Sabes, um beijo é um segredo falado sobre a boca, e eu tenho tantos segredos para te contar... Deixa-me ser teu, deixa que nos meus sonhos tu sejas a actriz principal, deixa que sejas a minha princesa e eu o teu príncipe que te vai salvar dos pesadelos. Deixa este momento durar para sempre, que o hoje não seja o amanhã, que não seja um sonho, mas se porventura for, deixa, não acordes porque eu também não o farei. Meu Deus, permite que este delicioso "acontecimento" perdure até amanhã, e depois de amanhã, e sempre até ao fim das nossas vidas...

Um único pensamento

Penso em como o mundo poderia acabar e eu estaria sempre a teu lado, penso em como te posso amar sem o saber, penso em como nós poderíamos ser felizes sem saber o que é a felicidade. Amar-te é a única palavra verdadeira que te posso dizer pois vem de dentro de mim como se a minha alma nascesse de novo. Amo-te e Amar-te-ei sempre, pois é só para isso que vivo. Um dia poderei morrer em paz, já que dentro de ti existe algo que me pertençe mas que eu te dei há muito tempo, a minha vida... És isso, és a minha vida... Por ti sofro, por ti morro, por ti vivo... Espera por mim e eu te alcançarei, tocar-te-ei com estas mãos traçadas com a tinta que corre dentro de mim. Restos de ilusão, restos de sofrimento. Olho para trás e penso como a minha vida seria sem a tua presença... Talvez fosse tudo um pesadelo, algo de certo que não queria viver. Mas agora que te encontrei, posso repousar em ti, encostar a minha alma à tua, posso-te pedir que passes o resto deste sonho comigo... e não acordemos desta ilusão que me rodeia. Deixa-me quebrar o silêncio nos momentos em que eu digo que te amo... Vamos ser um só, uma só alma, um só ser...

Sim, fazes-me falta.

Hoje, sentada no café a contar os minutos que passam, penso em ti. E é algo que me impressiona pois já não o faço há muito tempo. Mas a verdade é que sinto saudades tuas. Dos momentos que passamos juntos e com os quais eu fui feliz. É vergonhoso até pensar assim. Por tudo o que fiz. Por preferir ser egoísta ignorando que eras, realmente, importante para mim. Por pensar que o mundo girava à minha volta. Mas o meu mundo desabou quando disseste adeus. E agora, estou aqui sozinha, sem ti, agarrando-me ás memórias que ainda conservo. Tanto as boas como as más.

Já é tarde, e os minutos continuam a passar. Nada é eterno.

Anseio por quem me possa libertar desta dor, do sofrimento por ter saudades tuas. Quem me dera poder abraçar-te. Sentir-te de novo junto a mim, nunca te perder de vista. Mas eu tive a minha oportunidade, e não a agarrei.

Mas tu mudaste. E eu não o consigo fazer. Mas é preciso. É preciso esquecer que algum dia foste meu, e que não te tive por inteiro, que não te prendi e por isso é que fugiste.


Sim, fazes-me falta. 

O desespero

Quero estar contigo e não posso.


Anseio ver-te mas não me deixam. Gostava de voltar atrás. Fazia as mesmas coisas, com a mesma paixão, mas dizia-te que te amava verdadeiramente. Não te disse, e é por isso que agora estou sozinha. Não, não há mais ninguém a não ser tu que me possa libertar desta dor que vivo constantemente, e que sinto por não te ter. Apetece-me abraçar-te. Talvez porque a última vez que estive contigo foi quando nos beijámos pela última vez e nem sequer disse adeus. Porque pensei que as coisas teriam solução. Estupidamente pensei isso. E tinham solução. Se eu engolisse o meu orgulho e deixasse de ser egoísta. Hoje tenho o que mereço, que é o não te ter. O estares tão perto de mim e eu não te poder ver ou sequer tocar, porque tu não deixas, foges de mim, já não confias em mim. O que posso fazer? Fazes-me falta porra! Nem irias acreditar mas estou completamente sozinha. Só me tenho a mim mesma e já nem em mim própria confio. Se ao menos pudesse voltar atrás, ou se ao menos eu pudesse pedir desculpa a todos pelo que fiz. Mas ninguém me ouve. És das poucas pessoas que se calhar fala comigo, ou falava, porque já há algum tempo que não dizes nada. Apetece-me mesmo desaparecer. Não sei mais o que me prende aqui. Talvez tu. Mas estás tão longe. E quando tenho esperanças que te possa vir a ter, tu foges outra vez. Não sei o que fazer. Os meus dias são batalhas contra o esquecimento. Quero esquecer-te e não consigo. Recordo todos os momentos com a mesma intensidade com que os vivi. Quero lembrar-me de todos para sempre. A forma como éramos um só. A forma como nos amávamos. Fala comigo. Falem comigo. Antes que perca, simplesmente, a vontade de viver.