sábado, 25 de abril de 2015

A ti

Quero dizer-te tanta coisa mas acabo por nunca dizer nada.
Provavelmente não te conheço assim tão bem quanto penso, mas sentir que és uma parte de mim, por mais pequena que seja, é o que me basta para tentar encontrar-te em todas as esquinas em que não nos cruzámos.
Deixa-me conhecer-te por completo no teu perfeito total. Deixas?

Temos frases só nossas, momentos só nossos que são capazes de marcar, como a mim marcaram e continuam a marcar.
Temos olhares só nossos que bastam para tranquilizar. 
Quando o Mundo lá fora está de pernas para o ar. 
Quando a vida dá tantas voltas e só tu percebes.

Também podes encostar-te a mim sempre que quiseres, olhar para mim e pedir-me um abraço, olhar para mim e pedir silêncio.
Como se me faltasse o ar quando não te tenho e me faltasse ainda mais quando te tenho, lembras-te?

Gosto de olhar para ti.
Porque dizem que os olhos são o espelho da alma, e não sabes quão bela é a tua.
Porque a minha está carregada de momentos, palavras e horas que existiram. Em mim e em ti.

Daqui a dez anos continuarás a ser o fantasma mais presente na minha vida e, se não estiveres onde estou, não sei porque irei ver-te sempre em mim. Porque sei que irei ver-te sempre. Sei que estarás sempre.
Daqui a dez anos o meu lado lunático virá ao de cima sempre que me lembrar do que não passámos e das noites que dormi sem ti.
Daqui a dez anos vou lembrar-me de nós. E vou sorrir.


Tantas vezes chego a casa sozinha e procuro-te em cada canto. Não tenho medo dos barulhos cá de casa, mas a casa sabe a tua voz. E ecoa-a em todo o lado.
Já te disse hoje que foste a pessoa por quem eu mais suspirei e nunca estivemos juntos? E quem diz suspirar diz prazer, e quem diz prazer diz... tu sabes.
Daqui a dez anos vou lembrar-me disto. Daqui a dez anos, vais lembrar-me disto.
Alimentava-te a alma.

Podia pedir-te desculpa. Dizer-te, olha, desculpa, aconteceu. E podia dizer-te que preferia ter-te encontrado há cinco anos atrás. Para quê? Não seria como é agora. Porque não temos nada, mas temos tudo, lembras-te?
Ninguém manda no coração mas gostava que mandasses no meu.
Ninguém é perfeito, mas eu gostava de ser. Para ti.

Não era suposto falar de ausência. É difícil. Tu sabes.
Mas já pensei nisso quando estivemos juntos.
Porque, de que me adianta pousar os meus lábios nos teus e beijar-te, abraçar-te e preencher-te a alma, se não posso ter o teu coração?
Porque és tu o amor. E se não houver tu mais vale haver apenas eu. Afinal de contas, antes passar a minha vida a apenas sonhar que sou tua, que passar a minha vida a fingir que sou de outra pessoa.

Não era suposto falar de ausência contigo. Tu que me preenches. Que apagas a dor e renovas a esperança. Isso basta.
Basta-me olhar para ti e fechar as tuas pálpebras com a minha mão, chega-me olhar para ti e passar os meus dedos pelos teus lábios, chega-me a tua presença, chega-me olhar para ti e adivinhar o que estás a pensar.
Não preciso sequer que fales.

Perdoa-me as vezes que te ignorei, que fui orgulhosa, e que quis fugir de ti.
Perdoa-me as vezes em que me escondi de ti. As vezes que te magoei, em que fui egoísta, em que precisaste de mim e eu não estive lá. Em que nunca estive.

Gostava que me mentisses. Que por uma vez me dissesses que sim, que o passado é passado e já não volta.
Tenho duas almas em guerra por ti, e não sei qual ganhará.

Já tivemos dias como o de hoje. De tempestade.
Já saí do teu carro zangada, bati a porta com força, e jurei que nunca mais iria falar contigo.
Mas também já pensei que não querias ver-me e estar comigo.
Mas estiveste.
E eu voltei a falar.
Amar é permitir que nos magoem, lembras-te?

Espero que um dia possas perdoar-me.
Espero que um dia falemos disto.
O amor não é complicado.
As pessoas é que são.
"Pessoas que nos mimam em silêncio, que nos dão um abraço onde cabe o Mundo inteiro", lembras-te?

Porque hoje é o dia da Liberdade.
A ti.
Obrigada.