terça-feira, 12 de maio de 2015

Desta vez, vem de ti

Silêncio.
Pela primeira vez, silêncio.
E, desta vez, vem de ti.
Já estive mais longe de apagar as palavras, e terminar com isto. Mas seria justo para ti? Seria eu justa contigo?

Não queria magoar-te, e desculpa se o fiz.
Pensei que a ausência e a saudade ensinassem algo. Pelo menos, que ensinassem a não sentir. Mas enganei-me. 
Sinto-te em silêncio há demasiado tempo. 
Porque não há mais do que silêncio. 
E não era suposto haver. Era?
E, desta vez, vem de ti.


Sinto que estás longe, distante, ausente. Chama-lhe o que quiseres. E a culpa é minha.

Quis que encontrasses nas minhas palavras afeto e compreensão. Paz.
Quis mostrar-te que eu também estou aqui, à distância de um abraço, e que bastaria uma mensagem e eu iria a correr.
Quis mostrar-te que gosto de ti. Que apenas gosto de ti, e que o resto não é importante. Que o resto não existe.
Quis, sobretudo, mostrar-te que é a amizade que nos une, e que jamais passará disso. Quis mostrar-te que confio em ti. E mostrei-te isso, naquele dia, quando disse que te queria tanto.
Desculpa querer-te.
Pensei que gostasses de ouvir.
Pensei que preferisses a verdade.

Sabes que és uma das pessoas da minha vida que eu mais admiro? É verdade. 
Sabes que tenho poucas pessoas. Dizem que apenas devemos guardar as que querem permanecer, as que estão presentes nos dias bons e nos dias maus, e que devemos deixar ir as que não querem ficar. 
Mas tu quiseste ficar.
E permaneces.
E eu gosto tanto de ter-te perto.
Pensei que também gostasses.

Admiro-te.
Tens ganas de viver.
A vida, que é uma tourada, não a deixas escapar.
Todos os dias fazes uma pega de caras. Uns dias tens aplausos, outros dias, dás o suor e as lágrimas por ela. Mas fazes com que compense sempre.
E, no dia seguinte, lá estás tu de novo. Pronto a enfrentar a fera. 
Ensina-me a viver assim.

Mas as coisas não estão bem.
Tu já não me perguntas se estou bem.
Estou a exagerar, ou estás de facto, ausente de mim?

Não quis, nem quero, magoar-te, pressionar-te, exigir de ti algo que não existe, obcecar-me por ti.
Não quis assustar-te.
São palavras que entre nós não existem, porque prometemos um ao outro que não iriam rondar entre nós.
Sei que estás cansado. Mas porque não vens até mim e descansas? Ou nunca fui a tua paz?
Eu não me importo do silêncio, tu sabes.
Não me importo desde que estejas comigo. Mas não estás.
E, desta vez, vem de ti.

Tenho saudades tuas, e apetece-me ver-te.
Acho que vou terminar com as palavras, com tudo isto. Já não é relevante, pois não?
Acabou-se a magia, a sintonia, e o desejo.
Resta o silêncio.
E a saudade de novo.
E, desta vez, vem de ti.

Mas porque é que tem de doer tanto? Se uma pessoa nos faz tão feliz, como tu, é tão importante para nós, como tu, e dói tanto, porque é que sentimos saudades? Não devia ser ao contrário?
Tenho saudades tuas. E os dias em que também disseste que tinhas, estão tão longe.
Mas se quiseres que me afaste, caramba, vai custar, mas diz. Se for preciso, que as palavras magoem, certo?

Não quero assustar-te com as minhas palavras.

Quando leres isto, acorda-me de novo.
Acorda-me e acaba com o silêncio.
Que, desta vez, vem de ti.