domingo, 24 de maio de 2015

Se regressares, traz-me contigo

Partiste há demasiado tempo, e o tempo é meu inimigo. 
Já é demasiado o tempo sem ti.
Naquela noite, levaste-me contigo, para bem longe, de mim, e de ti.
Porque disseste que sim, que era melhor assim, que era dessa maneira que tinha de acontecer.
Pedi-te para ficares.
Nunca disseste que não voltarias.
Nunca disseste nunca.

Inventaste mil e uma razões para não me magoar. E fizeste-me prometer, centenas de vezes, que não te esquecesse.
Teimam em dizer-me que desapareceste, mas continuo a ver-te todos os dias. 
Porque assim tem de ser. Quero-te em mim, na minha memória, dentro da minha cabeça.
Não quero pensar que um dia já não és. 
Quero pensar que já foste. 
Meu.

Fizeste-me prometer que não te esquecesse.
É difícil lutar contra a memória. Contra algo que sei que estará esquecido.
Tem sido difícil reviver-te em mim.
Recordar-te em mim.
E tu, já não te lembras?

Quero acreditar que fomos felizes, que dei a conhecer-te a minha felicidade contigo, e que a partilhamos os dois.
Quero acreditar que não saímos disto magoados, que dissemos palavras que não queríamos dizer.
Quero, apenas, acreditar.
Em nós.

Tem custado tanto aguentar-me sem ti.
E tem custado ainda mais, saber-te em cada espaço de tempo que percorro, à procura não sei bem do quê.
Talvez de ti.
Tens custado cada pedaço de saudade que sinto, e cada lágrima que cai.
Cai, não sei bem porquê.
Talvez por nós.

Entraste sem pedir licença. Assim, de surpresa.
Porque é que quando partiste, não me perguntaste se eu deixava que fosses embora?
Por isso não me deixaste nunca prender-te nos meus braços.
Sabia, sabias, que iria ser mais difícil lutares e perderes.
E que, dessa vez, iria eu ganhar.

Não mereço o teu calor.
Não mereço a saudade do teu calor, o toque da tua pele, a tua memória nas minhas mãos, a lembrança do beijo, o roçar dos teus lábios pelo meu pescoço.
Não te mereço.
Mas porque não voltas, e recomeçamos?
Como da outra vez.
É suposto reinventar o amor.
É suposto querer viver, para reinventar.


Se regressares, traz-me contigo.