domingo, 26 de abril de 2015

Se for preciso, mente-me

Se um dia disser que te amo, tanto como noutro dia qualquer, mente-me.
Se numa loucura, na tua cama, no meio dos teus lençóis, entre as quatro paredes do teu quarto, tiver um momento de lucidez e disser que te amo, não pares.
Porque quanto mais me iludes mais eu te adoro, e peço-te para não fugires.

Se um dia quiseres falar disso, falemos.
Volta e fica comigo. Adormece-me de novo. Afasta os pesadelos e os fantasmas que nos atormentam. Porque só tu me acalmas. Só tu trazes a paz que preciso. Serás sempre o meu porto de abrigo.
Se for preciso, mente-me.

Que nunca fiquem abraços por dar, promessas por cumprir.
Que nunca fiquem momentos por partilhar.
Que nunca te faltem as palavras. Por favor, que nunca te faltem as palavras.
Se for preciso, mente-me.

Tenho os meus braços à volta do meu corpo porque não estás comigo e sinto a tua falta. Sinto falta do teu toque. É incrível como sinto a tua falta. O meu corpo habituou-se a ti.
E se não estás comigo, não estás em mim.
E se não estás em mim, não estou contigo.

Se for preciso, falemos da ausência, da distância, da saudade. Fala comigo.
Quando eu quiser falar de nós, diz-me que estamos bem. Mas não mintas. Sobre isto, não mintas.
Quando eu quiser falar do passado, diz-me que tudo ficará bem, que não vais deixar a dor voltar e a mágoa renascer.
Quando eu quiser falar do passado, cala-me com um beijo. Pede-me para parar e diz-me que vou ser feliz.

Quando eu quiser chorar, encosta-me a ti, e deixa as lágrimas caírem. Se algum dia molhar a tua camisa, perdoa-me. Mas não olhes para mim.
Não quero que a minha dor seja a tua dor. Quero que a tires de mim. Que a arranques de mim, da raiz como a uma erva daninha, pois só assim não voltará a nascer.

Fazes-me falta.

Mas a vida não é mais do que essa sucessão de faltas que nos animam. 




Porque depois da liberdade, a esperança.
Será que ainda me resta tempo contigo?

sábado, 25 de abril de 2015

A ti

Quero dizer-te tanta coisa mas acabo por nunca dizer nada.
Provavelmente não te conheço assim tão bem quanto penso, mas sentir que és uma parte de mim, por mais pequena que seja, é o que me basta para tentar encontrar-te em todas as esquinas em que não nos cruzámos.
Deixa-me conhecer-te por completo no teu perfeito total. Deixas?

Temos frases só nossas, momentos só nossos que são capazes de marcar, como a mim marcaram e continuam a marcar.
Temos olhares só nossos que bastam para tranquilizar. 
Quando o Mundo lá fora está de pernas para o ar. 
Quando a vida dá tantas voltas e só tu percebes.

Também podes encostar-te a mim sempre que quiseres, olhar para mim e pedir-me um abraço, olhar para mim e pedir silêncio.
Como se me faltasse o ar quando não te tenho e me faltasse ainda mais quando te tenho, lembras-te?

Gosto de olhar para ti.
Porque dizem que os olhos são o espelho da alma, e não sabes quão bela é a tua.
Porque a minha está carregada de momentos, palavras e horas que existiram. Em mim e em ti.

Daqui a dez anos continuarás a ser o fantasma mais presente na minha vida e, se não estiveres onde estou, não sei porque irei ver-te sempre em mim. Porque sei que irei ver-te sempre. Sei que estarás sempre.
Daqui a dez anos o meu lado lunático virá ao de cima sempre que me lembrar do que não passámos e das noites que dormi sem ti.
Daqui a dez anos vou lembrar-me de nós. E vou sorrir.


Tantas vezes chego a casa sozinha e procuro-te em cada canto. Não tenho medo dos barulhos cá de casa, mas a casa sabe a tua voz. E ecoa-a em todo o lado.
Já te disse hoje que foste a pessoa por quem eu mais suspirei e nunca estivemos juntos? E quem diz suspirar diz prazer, e quem diz prazer diz... tu sabes.
Daqui a dez anos vou lembrar-me disto. Daqui a dez anos, vais lembrar-me disto.
Alimentava-te a alma.

Podia pedir-te desculpa. Dizer-te, olha, desculpa, aconteceu. E podia dizer-te que preferia ter-te encontrado há cinco anos atrás. Para quê? Não seria como é agora. Porque não temos nada, mas temos tudo, lembras-te?
Ninguém manda no coração mas gostava que mandasses no meu.
Ninguém é perfeito, mas eu gostava de ser. Para ti.

Não era suposto falar de ausência. É difícil. Tu sabes.
Mas já pensei nisso quando estivemos juntos.
Porque, de que me adianta pousar os meus lábios nos teus e beijar-te, abraçar-te e preencher-te a alma, se não posso ter o teu coração?
Porque és tu o amor. E se não houver tu mais vale haver apenas eu. Afinal de contas, antes passar a minha vida a apenas sonhar que sou tua, que passar a minha vida a fingir que sou de outra pessoa.

Não era suposto falar de ausência contigo. Tu que me preenches. Que apagas a dor e renovas a esperança. Isso basta.
Basta-me olhar para ti e fechar as tuas pálpebras com a minha mão, chega-me olhar para ti e passar os meus dedos pelos teus lábios, chega-me a tua presença, chega-me olhar para ti e adivinhar o que estás a pensar.
Não preciso sequer que fales.

Perdoa-me as vezes que te ignorei, que fui orgulhosa, e que quis fugir de ti.
Perdoa-me as vezes em que me escondi de ti. As vezes que te magoei, em que fui egoísta, em que precisaste de mim e eu não estive lá. Em que nunca estive.

Gostava que me mentisses. Que por uma vez me dissesses que sim, que o passado é passado e já não volta.
Tenho duas almas em guerra por ti, e não sei qual ganhará.

Já tivemos dias como o de hoje. De tempestade.
Já saí do teu carro zangada, bati a porta com força, e jurei que nunca mais iria falar contigo.
Mas também já pensei que não querias ver-me e estar comigo.
Mas estiveste.
E eu voltei a falar.
Amar é permitir que nos magoem, lembras-te?

Espero que um dia possas perdoar-me.
Espero que um dia falemos disto.
O amor não é complicado.
As pessoas é que são.
"Pessoas que nos mimam em silêncio, que nos dão um abraço onde cabe o Mundo inteiro", lembras-te?

Porque hoje é o dia da Liberdade.
A ti.
Obrigada.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

E se um dia acordar?

Fazes-me falta, de novo.
E disseste, da última vez que falamos, que também sentias a minha falta.
Saí de casa, e não falei de ti. Porque tive medo de ouvir que não era bom sentir saudades tuas. Tive medo de ouvir, mais uma vez, que o melhor era virar a página. Mas será que ninguém percebe que é isso, precisamente, o que eu não quero? Que não quero apagar-te de mim, que te quero gravar em mim? Porque foste o melhor que me aconteceu. Foste até hoje, o melhor de mim.
Tenho medo de esquecer-te.
E sei que isso, é talvez, o mais provável de acontecer.
E se um dia acordar, e souber que não voltarás?
Depositei em ti tudo o que quis ser.
Sabia que podia contar contigo. No momento certo, e seria capaz de marcar. Como marcou.
Como naquele dia, no banco de jardim, o sol brilhava e os teus olhos também. Era Verão, e cheirava a mar. Falámos de nós. Disse-te que queria estar sozinha. Não percebeste que não era longe de ti, mas sozinha, contigo? Que estarias sempre em mim, acontecesse o que acontecesse.
Estávamos bem. Éramos felizes, lembras-te?
E se um dia acordar, e souber que não voltarás?
E se perder tudo aquilo que tivemos?
E se perder a sensação de te ter de novo? De, simplesmente, voltar para os teus braços, fechar os olhos e pensar que agora está tudo bem.
Uma carícia no rosto, um beijo sobre as lágrimas que caiem, quando algo vai mal.
Faltar o ar quando não se tem, e faltar ainda mais quando se tem.
A saudade que dá, aquele aperto no coração longe de quem se gosta. É no início da semana pensar, que nunca mais vem o fim para te ver.
Disseste que ajudava a suportar os teus dias de tempestade. 
Quando te vir, vou perguntar-te, porque transformaste os meus numa?

Mais de que um gesto, talvez a palavra defina melhor o Homem.
E, por vezes, não é o excesso de palavras que magoa.
Mas a falta delas.
Volta, e traz todas as palavras que tens para dizer. Traz o abraço que tanto preciso, e a saudade que disseste que tinhas. 
Estarei sempre aqui, à tua espera, para te ouvir.