sábado, 1 de agosto de 2015

A vida não é feita disto

O que é a vida sem as pessoas que nos fazem bem? Sem aqueles pelos quais vale a pena sempre tentar; pelos bons e pelos maus, estes últimos com os quais aprendemos sempre. Sem aquele abraço, sem aquele sorriso.
O que é a vida sem os amigos? Os que nos trazem felicidade, coisas boas; os que não precisam de manual de instruções, e os que vêm carregados de explicações e ideias de mudar o Mundo, o meu e o deles.
O que é a vida sem o amor? Sem o olhar, aquele olhar, e depois o toque, a chamada química e física; sem o coração que nos arrebata, aquele que nos tira da escuridão e nos arrasta para a luz, para algo mais que um simples "olá". A vida sem amor não é nada. Absolutamente nada.

Escrevi para que as palavras chegassem até ti e te trouxessem, de novo, para junto de mim. Mas tu não vieste, não quiseste vir, e hoje já não falo de ti porque não há nada para dizer. De tudo o que me deste é o silêncio o que mais vezes vem de ti. 
Todos os dias esperei por ti e, todos os dias, quis desistir de ti. Acabei por fazê-lo tarde demais. Percebi que, afinal, a chuva continuava a cair, os dias continuavam a passar, as pessoas continuavam iguais. Só tu não vinhas. Nada é eterno, e tudo custa mas que raio nesta vida é que não custa? É preciso aprender a chorar por dentro. 
Acabei por me esquecer de mim. Habituei-me a ter-te, a ter a tua felicidade comigo, a querer estar bem porque tu estavas bem, a querer sorrir porque gostavas do meu sorriso e do meu olhar quando te via, quando te pedia para vires. Pedi-te tanto e nunca vieste. Até ao fim tentei encontrar o equilíbrio. Custou. Eras tu que me guiavas, eras o meu equilíbrio. Até ao fim falhei sempre.
Já não vale a pena falar da saudade. Levaste-a contigo quando foste embora, deixaste uma névoa de ti tão frágil, tão insignificante e também isso já esqueci.
Há algum tempo, dei-me conta de que me esqueci de ti e, no entretanto, mesmo sem querer falar de ti, acabei por fazê-lo.
A saudade doeu, a memória ficou, o esquecimento torna-se premente. 
Até ao fim foste a melhor maneira de sorrir. Até ao fim foste a minha melhor maneira de viver.
Hoje não sei o que é feito de ti, por onde andas, o que fazes. Passei a habituar-me à tua ausência, a ver um vazio ao meu lado onde antes estavas tu. Acabei por preenchê-lo com algo mais que a saudade. Tive medo de ter de habituar-me à tua inexistência. Mas tive de aprender a viver uma vida sem ti, tive de aprender a viver.
Já não existe vazio.


**

A vida não é de frases feitas, de palavras como a saudade, o esquecimento, a ausência e o vazio.
A vida não é feita das pessoas que não nos querem bem, daqueles que partem sem aviso porque têm de partir, dos que levam as lágrimas e a paz, dos que prometem ficar e não ficam, dos que dizem ser nossos e nem a eles próprios pertencem.

Não adianta falar, escrever palavras de conforto, palavras do "vai correr bem" quando sabemos que não vai, porque não está quem nos faz falta, quem nos faz tanta falta. Não adianta falar da perda. Há que saber contorná-la, preencher o vazio, com os que cá estão, vivos e felizes. Há que saber lidar com a perda. Não desistir de quem nos faz bem. Há que fazer tudo, o possível e o impossível, para que as coisas corram bem. Há que saber viver.
Não adianta falar da memória, evocar lembranças boas quando o dia da partida teimosamente se sobrepõe a todas elas. Não adianta não querer chorar quando sabemos que só as lágrimas podem acalmar a dor e apaziguar o espírito. Não adianta não chorar.
De que serve chamar por alguém que sabemos que não vem? Vamos antes chamar por alguém que continua cá, ao nosso lado. Vamos chamar pelo amor, pedir-lhe para vir, se for preciso sem pressas, mas que venha, e que traga com ele a felicidade.

Este blog foi feito de frases soltas, palavras que agora não fazem sentido. Pensei, ao escrever, recordar momentos, preencher o vazio, diminuir a saudade, aumentar a esperança.
Este blog não é mais que uma neurose que tem vindo a mostrar-se ridícula; uma tentativa de virar a página.
Mas não adianta voltar a falar em ausência, em mágoa, na tentativa de virar a tal página sobre alguém que sabemos que continuará na página seguinte.
Tentei, em vão, libertar-me de algo. Acabei por prender-me ainda mais. 
Quis que ficasses, que não partisses de mim, que ficasses ao meu lado, quis ser egoísta, e fui.
Quis ter toda a gente, quis ter-te. Acabei por não ter ninguém, nem a mim mesma. Acabei por perder-me, acabei por exagerar, cansar as pessoas que mais me queriam. Temi tanto a solidão e o esquecimento e acabei por ter isso tudo.

Se apenas vivemos uma vez, então vamos viver da maneira que tiver que ser, da melhor maneira possível, da maneira mais feliz possível.
Se apenas vivemos uma vez, vamos vivê-la mil vezes. Vamos tentar, cair sete vezes e levantar oito.

Tu, por quem eu nunca mais voltei a cair, tu, que me ensinaste, de novo, a viver; tu, que trouxeste o equilíbrio e os dias bons; tu, que trouxeste a felicidade em pessoa, a quem eu daria mais do que a vida, a quem eu me daria; tu, sim tu, que devolveste a paz, que preencheste aquele vazio e trouxeste a tua vida para junto da minha; tu, por quem voltei a sorrir; tu, que me fazes feliz.

Se eu tentar, tentas comigo?

Há palavras, e pessoas, que cansam. As palavras não chegam e o tempo não cura.
O blog acaba aqui, hoje.
A vida não é feita disso.
A vida não é feita disto.

terça-feira, 28 de julho de 2015

(re)Nascer

Podia ter sido o melhor dia da minha vida.
E foi.
Comecei a escrever no dia em que percebi que tinha de o fazer. Sem motivo aparente, mas todos os dias encontrava as palavras certas e, todos os dias, valia a pena. Funcionava como uma libertação. E continua a funcionar. 
E depois conheci-te. Trouxeste palavras bonitas que quis usar. Tu não te importaste que as escrevesse. Ficavam melhores se também eu as dissesse, disseste tu. E foi o que aconteceu.
Reinventei uma história.
(Re)nasci.

Já dissemos tanta coisa, já escrevi mais ainda, e sempre faltaram palavras, sempre ficou tudo por dizer. Contigo falei da saudade e da distância, da ausência e da dor e, sobretudo, dos momentos em que fomos felizes e eu era única, intocável, normal. Encontrei em ti mais do que um amigo, e tu já sabes disto.
Mas será que era isso o mais importante? Será que o mais importante era escrever e falar? Ou não seria melhor olhar-te nos olhos e revelar-te a verdade? Que procurava em ti o que não conseguia de mim.

E o pior era a dúvida, os momentos de incerteza e vazio. Saber-te distante e não puder falar contigo. Dar-te o merecido tempo e o espaço devido. Não exigir de ti palavras que só eu queria ouvir, não exigir de ti nada. Absolutamente nada. Continuas a ser a pessoa mais completa que conheço. Não és meio cheio ou meio vazio. És tu ponto.

E depois percebi. Quando o esquecimento ocupa o lugar da ausência, quando a insegurança ocupa o lugar da saudade. Aí percebi. Percebi a ausência e a insegurança. 
As pessoas falam demais quando magoam, e eu contigo falei de mais. Quem inventou as palavras não as inventou para magoar. Pelo contrário.

Depois aprendi. Aprendi que não tenho o direito de magoar só porque me magoaram. Que o medo não serve para parar; serve para trazer a coragem de continuar a andar. Que a saudade não serve para magoar; serve para continuar a amar. 

"A vida é curta demais para se acordar com arrependimentos. Ama as pessoas que te tratam bem. Esquece aquelas que não te respeitam. A vida coloca cada um no seu lugar. Tudo vai e vem por uma razão. Se tens uma segunda oportunidade, agarra-a. Ninguém disse que a vida seria fácil. Só prometeu que iria valer a pena. Vive, deixa viver e sê feliz."

Continuo a ter saudades tuas.

domingo, 19 de julho de 2015

Obrigada

Escrevo-te porque me apetece. Podia dizer-te que tenho um motivo, uma razão escondida algures, entre um desabafo e outro, entre uma lágrima e um suspiro, mas a verdade é que não tenho. Se tivesse, certamente já teria escrito um diário, porque todos os dias há um motivo. Uns dias porque tenho saudades tuas, outros dias porque me surpreendes, outros dias porque te admiro. Mas sempre porque estás presente. Hoje é apenas porque me apetece. Sabes que sempre fui melhor a escrever do que a falar.
Cada vez que escrevo vêm-me à memória os momentos que passamos juntos. Todos eles, os bons e os maus. Ainda há pouco tempo voltei a ler o e-mail absurdo que te mandei, e a resposta que deste. A resposta que eu não merecia. O teu pedido de desculpa, mesmo sabendo que não era tua a culpa, a tua insistência para que tudo ficasse bem, mesmo sabendo que era eu quem devia insistir para que ficasses. Posso hoje dar-te o abraço apertado que pediste?
Tantas vezes tentei compreender-te, a ti e às palavras que dizias, e depois desisti de o fazer. Passei a acreditar em ti, e a deixar as coisas acontecerem naturalmente, sem que nada o fizesse prever, sem ter medo de agir, sem ter medo de falar. Hoje percebo que fazias o melhor para mim. Hoje entendo cada palavra que pronunciaste, boa e má. Posso hoje pedir-te todas as palavras que não permiti que dissesses? Posso hoje ajudar-te como tantas vezes pediste?
Cada vez tenho mais a certeza que Deus me castigou por ter sido injusta contigo, e que só não me levou porque sabia que ia precisar de ti.
Ainda hoje lembro com saudade aquela noite, e o dia seguinte em que ligaste a dizer que tinhas saudades minhas. Mostraste um lado que não conhecia mas que passei a querer. Hoje compreendo esse dia e todos os que se seguiram. Fui tantas vezes injusta contigo e, pior que isso, fui cruel. Tentei visualizar em ti algo que não existia, e desisti de o fazer. Se continuasse a insistir no invisível acabaria por viver algo que não queria. Uma ilusão.
Gosto muito de ti, e sabes disso.
Não preciso que estejas sempre comigo para saber que estás presente. A ausência de quem nós gostamos nem sempre significa esquecimento. Como tu disseste, não tens vinte e quatro horas para mim, nem eu quero que tenhas. Mas não me impeças de me preocupar contigo, e de querer saber onde andas e como estás. É por perguntar se "estás bem" que uma pessoa ama, cuida e protege.
Se pedi para não desapareceres foi porque julguei que estavas a afastar-te de mim e a perder, de novo, a confiança em mim.
Sabes que tenho muito a agradecer-te mas não sei como fazê-lo. Talvez sendo normal como tantas vezes pediste.
Ensinaste-me muita coisa, e continuas a ensinar todos os dias. Ensinaste-me que a vida também tem um lado doce. Ensinaste-me a ser humilde e a não tentar exigir dos outros o que queria para mim.
Despertaste o meu lado "mais felino", e obrigada também por isso. Espero nesse campo ter-te feito feliz e continuar a fazer-te. Espero ainda vir a surpreender-te.
Como tantas vezes disse, acabaste por ser o meu psicólogo. Estou feliz por ter um amigo como tu, que ajuda a suportar os dias de tempestade, e que renova a esperança e traz a paz.
Como tantas vezes disse, és e serás sempre o meu porto de abrigo.
Fui egoísta demasiadas vezes. Quis que estivesses comigo porque me fazias bem e, demasiadas vezes, esqueci-me do que tu querias. 
Hoje não sei por onde andas, e uma coisa que aprendi foi a saber ouvir o silêncio, o teu silêncio.
Um dia disseste, "se os nossos dias ficam mais leves, então tudo isto já vale a pena."


Há segundos que valem por uma vida inteira.
Obrigada.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

De novo

Viver de novo.
Foi assim que percebi que tinha que ser. Foi assim que percebi que tinha de regressar para junto de ti, para o meu porto de abrigo, que tinha de esquecer a dor e a mágoa por que passei, e que tinha de voltar para ti, para viver de novo.
Gosto de ti, e da maneira como me abraças. Da maneira como me olhas com um sorriso, e pedes-me para não ir embora. Gosto da maneira como sorrimos e escondemos segredos que mais ninguém sabe. Gosto dos nossos segredos.
Gosto de ti e podia pedir-te desculpa por isso, mas não peço, porque a única certeza que tenho é que gosto de ti.
Gosto da maneira como me pedes para olhar para ti quando estou com o olhar em baixo, da maneira como tocas no meu rosto virando-o na direcção do teu olhar.
Gosto quando me tratas por "querida", e sabes que, por vezes, sou lamechas. Tento fugir do meu lado mais romântico contigo porque não devíamos ser assim, mas não consigo. Disse-te que pétalas de rosa na cama era uma piroseira, mas uma caixa de chocolates sabe sempre bem. Há que abraçar também o nosso lado romântico, e se tivermos que ser, olha, sejamos.

Hoje, por exemplo, apetecia-me ver-te. Dizer-te olá. Simplesmente ver-te e, se me deixasses, abraçar-te. Apetecia-me colo.

Quero pensar que daqui a, talvez 10 anos, tu continuas a fazer parte da minha vida. Dizem que a felicidade é o excesso na medida certa, e a única certeza que tenho é que contigo sou feliz, que me fazes feliz, todos os dias, mesmo que não te veja, mas sabendo que estás sempre lá. E também eu gostava de fazer-te feliz.
Dizem também, que o mais feliz dos felizes é aquele que consegue fazer os outros felizes. Parece confuso, mas não é. É até bastante simples. Basta querermos. Gostava de fazer-te feliz. Pelos gestos, pelo suave toque da minha mão na tua pele, pela maneira como te abraço, pelas palavras. Gostava de ouvir-te dizer que te sentes bem comigo, que o tempo está a nosso favor.
Já tivemos momentos mágicos. Vês, lá estou eu a ser lamechas. Mas não me ocorre outra palavra que não seja essa, magia. E foram mágicos porque eu e tu quisemos que fossem. Foi nesses dias que percebi que queria ter-te na minha vida.
Não quero assustar-te com as minhas palavras, transmitir-te uma ideia errada daquilo que não existe. Mas, quero que saibas, que se pudesse voltar a amar, seria a ti que amaria. Se pudesse sonhar com alguém a meu lado, serias tu, sempre tu. E tu sabes disso. Mas o tempo é meu inimigo. Porque cada vez tenho mais a certeza de que a solidão, a maldita solidão, vai apanhar-me. E não adianta dizer que não sei o dia de amanhã. É verdade, não sei. Mas sei o de hoje, e isso basta. Mas enquanto ela não vem, quero viver a vida, e a única certeza que tenho é que quero que tu continues a fazer parte dela, exactamente como agora fazes.

Não quero voltar a criar guerras contigo. São lutas que nos deixam exaustos, e pelas quais nos erguemos sempre. Às vezes custa, mas tem que ser. Hoje abres-me a porta, e um dia não quero encontrá-la fechada.
És a pessoa que eu mais admiro, e se um dia pudesse voltar a ser pequena outra vez, gostava que quando crescesse fosse assim como tu.
Podem dizer o que quiserem. Não quero saber. Eu sei quem és, e conheço-te cada vez mais porque a cada dia que passa vais mostrando cada pedaço teu. Eu sei que também te guardas, e tentas não mostrar tudo o que tu és. Por vezes não és transparente. Mas não importa porque gosto de ti assim.

Não vamos pensar que é apenas na cama que somos felizes, porque eu e tu sabemos que não é. Vamos pensar que podemos ser nós próprios fora dela também. Que não é preciso irmos para tua casa para mostrar que sabemos ser tu e eu, homem e mulher.
Mas sabes que ainda tremo quando te vejo e quando te beijo? Esqueço-me de respirar porque são momentos tão nossos que cada vez que estou contigo apetecia-me que o tempo parasse.
E sabes que o meu coração quase salta do peito quando me tocas? Mas isso não quer dizer que te ame ou que me apaixone por ti cada vez que te vejo. 
Uma das frases que mais me marcou foi quando disseste que a tua amizade por mim vale mais do que qualquer relação que possamos ter. Foi aí que percebi.
Eu também sei ser igual a ti. Sei olhar para ti e perceber que precisas de um abraço. Sei que, às vezes, basta-te o silêncio. E obrigada por gostares do silêncio. É mais uma coisa que me faz gostar de estar ao teu lado. Sabes o que é o silêncio. Sabes, como eu, que não é a simples ausência de palavras. É muito mais que isso.

Hoje sinto falta do teu abraço apertado contra o teu peito. E tenho medo que um dia isso deixe de ser importante para nós. Tenho medo que um dia deixes de fazer parte da minha vida, e que eu tenha de habituar-me à tua inexistência. Tenho medo de não sentir saudades de ti. Porque o amor também é saudade, não é?
Quando é que posso voltar a ser tua de novo?


Todas as palavras que existem são insuficientes para ti.
Mas há uma que não canso de repetir, e que tu já estás habituado a ouvir.
É das mais sinceras que há, e é por ela, todos os dias, que vale a pena estar ao teu lado e ser tua amiga. É por ela que me ensinas a viver de novo.
A ti, meu mais que tudo, meu sincero e sempre leal amigo, obrigada.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

É preciso saber desistir

É preciso saber desistir.
E hoje, precisamente hoje, desisto de ti.
Porque não vale a pena lutar por algo que não existe.
Não vale a pena lutar sem ti.
E também desisto de mim, porque quando foste embora levaste-me contigo. Sem que eu soubesse. Fugiste, sem dar uma palavra.
Desisto da parte que levaste contigo.

Devia ser proibido desistir. Devia. Mas não é.
Desistir pode bem ser um dos maiores actos de coragem. E é.

Pensei demasiadas vezes em ti. Mais do que seria normal. Mais do que tu mereces.
E tu não voltas.
Não posso ficar eternamente a aguardar o teu regresso. Já lá vão três anos, e não posso aguardar mais três, porque hoje sei que não vais voltar.
Mas o problema não é o tempo. Com isso posso eu bem.
O problema és tu, é saber que já te tive.
E é por isso que preciso de desistir.

Ainda me lembro de nós. Dos passeios que demos, e das gargalhadas que partilhamos. Fazias-me sorrir, todos os dias, e, todos os dias, valia a pena ver-te.
Ainda me lembro de ti, e sei que vou continuar a lembrar-me.
Sei que a saudade fica, e que é a única coisa que me liga a ti.
E sei que vai custar, mas hoje sei que não voltas.
Hoje sei que não ias ficar muito tempo, que não era para ser.


É preciso saber desistir.
É preciso saber libertar.
Porque o amor, se é que alguma vez existiu, também é liberdade.
E hoje liberto-te de mim.
Perdoo-te.

A felicidade pertence aos que esquecem melhor, e eu quero esquecer-te.
Porque é melhor assim.
A vida é de quem se atreve a viver, e eu quero viver, e porque tem que ser, quero viver sem ti.

É difícil aceitar que a vida é feita de escolhas, e que na tua vida, eu não sou uma escolha.
É difícil, mas não é impossível.
Porque encontrei alguém.
Alguém que me dá, todos os dias, o que tu me roubaste.
Confiança.
Aconchego.
Que, todos os dias, me sossega, mas que nunca me deixa em paz, que eu não quero que me deixe em paz.
E enquanto eu sentir a felicidade dele quando está comigo, espero que não voltes, porque um dia pedi-te que ficasses.
Hoje peço-te que não voltes.

Hoje, fecho os olhos e tento fugir da tua inexistência.
A ti, chamo-te, simplesmente, saudade.
E hoje, só hoje, dei-me conta de que desapareceste.
Talvez para sempre.
Que é feito de ti?

"Escrever é usar as palavras que se guardam. Se tu falares demais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer."
Contigo, falei de mais.
E já nada resta para dizer.

domingo, 31 de maio de 2015

Nunca implorei amor

Obrigada.
Deste-me uma parte de ti.
A melhor de ti, dizias.

Já fui feliz, e já amei demasiado.
Mas depois, descobri que o amor magoava.
Ainda não encontrei quem me desse provas do contrário, e nem eu tento encontrá-las.
Mas nunca implorei amor.

Foste a minha minha melhor maneira de viver e soube estar ao teu lado, mesmo sabendo que não era para ser, mesmo sabendo que, por vezes, poderia doer.
Mas nunca implorei amor.

Tivemos guerras em que nunca ganhei.
Guerras em que era sempre eu quem queria lutar e em que tu clamavas por paz, a paz que eu te prometi e que nunca te dei.
E, sempre, recuavas. Mais uma vez. Mais de uma vez.
Desculpa se implorei demasiadas vezes por ti. Não sabia que estava a travar uma guerra perdida desde o início.
Entre mortos e feridos sobrevivemos sempre.

Obrigada por cuidares de mim, tratares de mim, olhares por mim, e para mim.
Obrigada por teres estado ao meu lado, sempre. Mesmo quando o que mais queria era apenas solidão e silêncio.
Obrigada por não me teres deixado cair. Nunca.
Nunca implorei amor, e obrigada por me teres feito feliz como ainda fazes.

Há que lutar.
Contra tudo.
Saber que estamos vencidos e, apesar disso, avançar, irremediavelmente, até ao fim. Isso é coragem.
A que já tive. E a que continuo a ter.
Porque todos os dias há uma coisa nova para aprender.
Como a saber viver, por exemplo.
E todos os dias a vida ensina alguma coisa.
A ser feliz.


Ensinaste-me a viver e a querer viver.
Ensinaste-me a sorrir, de novo, e depois de tanto tempo.
Mas nunca implorei amor.
Nunca implorei o teu amor.
Porque fazes-me bem e também eu quero fazer-te bem.
E é apenas isso que interessa.

Quero continuar a ter-te ao meu lado e, enquanto me quiseres, andarei por perto, mas apenas se ambos quisermos.
Só serei felizse tu também fores.

E, depois, o abraço.
Aquele abraço.

Quantas vidas são necessárias para te encontrar outra vez?
Obrigada.

domingo, 24 de maio de 2015

Se regressares, traz-me contigo

Partiste há demasiado tempo, e o tempo é meu inimigo. 
Já é demasiado o tempo sem ti.
Naquela noite, levaste-me contigo, para bem longe, de mim, e de ti.
Porque disseste que sim, que era melhor assim, que era dessa maneira que tinha de acontecer.
Pedi-te para ficares.
Nunca disseste que não voltarias.
Nunca disseste nunca.

Inventaste mil e uma razões para não me magoar. E fizeste-me prometer, centenas de vezes, que não te esquecesse.
Teimam em dizer-me que desapareceste, mas continuo a ver-te todos os dias. 
Porque assim tem de ser. Quero-te em mim, na minha memória, dentro da minha cabeça.
Não quero pensar que um dia já não és. 
Quero pensar que já foste. 
Meu.

Fizeste-me prometer que não te esquecesse.
É difícil lutar contra a memória. Contra algo que sei que estará esquecido.
Tem sido difícil reviver-te em mim.
Recordar-te em mim.
E tu, já não te lembras?

Quero acreditar que fomos felizes, que dei a conhecer-te a minha felicidade contigo, e que a partilhamos os dois.
Quero acreditar que não saímos disto magoados, que dissemos palavras que não queríamos dizer.
Quero, apenas, acreditar.
Em nós.

Tem custado tanto aguentar-me sem ti.
E tem custado ainda mais, saber-te em cada espaço de tempo que percorro, à procura não sei bem do quê.
Talvez de ti.
Tens custado cada pedaço de saudade que sinto, e cada lágrima que cai.
Cai, não sei bem porquê.
Talvez por nós.

Entraste sem pedir licença. Assim, de surpresa.
Porque é que quando partiste, não me perguntaste se eu deixava que fosses embora?
Por isso não me deixaste nunca prender-te nos meus braços.
Sabia, sabias, que iria ser mais difícil lutares e perderes.
E que, dessa vez, iria eu ganhar.

Não mereço o teu calor.
Não mereço a saudade do teu calor, o toque da tua pele, a tua memória nas minhas mãos, a lembrança do beijo, o roçar dos teus lábios pelo meu pescoço.
Não te mereço.
Mas porque não voltas, e recomeçamos?
Como da outra vez.
É suposto reinventar o amor.
É suposto querer viver, para reinventar.


Se regressares, traz-me contigo.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Desta vez, vem de ti

Silêncio.
Pela primeira vez, silêncio.
E, desta vez, vem de ti.
Já estive mais longe de apagar as palavras, e terminar com isto. Mas seria justo para ti? Seria eu justa contigo?

Não queria magoar-te, e desculpa se o fiz.
Pensei que a ausência e a saudade ensinassem algo. Pelo menos, que ensinassem a não sentir. Mas enganei-me. 
Sinto-te em silêncio há demasiado tempo. 
Porque não há mais do que silêncio. 
E não era suposto haver. Era?
E, desta vez, vem de ti.


Sinto que estás longe, distante, ausente. Chama-lhe o que quiseres. E a culpa é minha.

Quis que encontrasses nas minhas palavras afeto e compreensão. Paz.
Quis mostrar-te que eu também estou aqui, à distância de um abraço, e que bastaria uma mensagem e eu iria a correr.
Quis mostrar-te que gosto de ti. Que apenas gosto de ti, e que o resto não é importante. Que o resto não existe.
Quis, sobretudo, mostrar-te que é a amizade que nos une, e que jamais passará disso. Quis mostrar-te que confio em ti. E mostrei-te isso, naquele dia, quando disse que te queria tanto.
Desculpa querer-te.
Pensei que gostasses de ouvir.
Pensei que preferisses a verdade.

Sabes que és uma das pessoas da minha vida que eu mais admiro? É verdade. 
Sabes que tenho poucas pessoas. Dizem que apenas devemos guardar as que querem permanecer, as que estão presentes nos dias bons e nos dias maus, e que devemos deixar ir as que não querem ficar. 
Mas tu quiseste ficar.
E permaneces.
E eu gosto tanto de ter-te perto.
Pensei que também gostasses.

Admiro-te.
Tens ganas de viver.
A vida, que é uma tourada, não a deixas escapar.
Todos os dias fazes uma pega de caras. Uns dias tens aplausos, outros dias, dás o suor e as lágrimas por ela. Mas fazes com que compense sempre.
E, no dia seguinte, lá estás tu de novo. Pronto a enfrentar a fera. 
Ensina-me a viver assim.

Mas as coisas não estão bem.
Tu já não me perguntas se estou bem.
Estou a exagerar, ou estás de facto, ausente de mim?

Não quis, nem quero, magoar-te, pressionar-te, exigir de ti algo que não existe, obcecar-me por ti.
Não quis assustar-te.
São palavras que entre nós não existem, porque prometemos um ao outro que não iriam rondar entre nós.
Sei que estás cansado. Mas porque não vens até mim e descansas? Ou nunca fui a tua paz?
Eu não me importo do silêncio, tu sabes.
Não me importo desde que estejas comigo. Mas não estás.
E, desta vez, vem de ti.

Tenho saudades tuas, e apetece-me ver-te.
Acho que vou terminar com as palavras, com tudo isto. Já não é relevante, pois não?
Acabou-se a magia, a sintonia, e o desejo.
Resta o silêncio.
E a saudade de novo.
E, desta vez, vem de ti.

Mas porque é que tem de doer tanto? Se uma pessoa nos faz tão feliz, como tu, é tão importante para nós, como tu, e dói tanto, porque é que sentimos saudades? Não devia ser ao contrário?
Tenho saudades tuas. E os dias em que também disseste que tinhas, estão tão longe.
Mas se quiseres que me afaste, caramba, vai custar, mas diz. Se for preciso, que as palavras magoem, certo?

Não quero assustar-te com as minhas palavras.

Quando leres isto, acorda-me de novo.
Acorda-me e acaba com o silêncio.
Que, desta vez, vem de ti.

sábado, 9 de maio de 2015

Diz-me o que é então

Quando leres estas palavras já, certamente, leste todas as outras que escrevi para ti e, certamente, chegaste à mesma conclusão que eu. Que falta muito para dizer.
Quando leres estas palavras já terá passado pela minha cabeça em fazer mil e uma coisas para acabar com elas porque as palavras não chegam até ti.
As minhas palavras não te trazem até mim.


Desde aquele dia que não durmo. 
Vivo de instante para instante, e tudo me é estranho. 
Tudo, menos tu.
Desde aquele dia que as lágrimas caiem.
Se não é amor e ambos sabemos que não é, diz-me o que é então.

Desde aquele dia, e tu sabes que dia é, que te trago gravado na pele e na memória das minhas mãos. Sobretudo quando pousaram no teu peito nu e mostraram que eu te queria tanto. Que te quero tanto.
Foste a única pessoa que ouviu e diz-me, por favor, que gostaste tanto de o ouvir como eu de o dizer.
Há dias que nos mudam e esse foi um deles.
Mas não mudou muito.
Apenas fiquei mais tua se já antes não o era.
Se não é amor, diz-me o que é então.

Sinto-te gravado em mim.
Desde aquele dia que te trago gravado em mim.
Aquela cama perde toda a graça quando lá não estamos os dois, a pedir o que desejas, e a suspirar pelo que desejamos os dois.
Diz-me o que é então.
Ou então diz-me, simplesmente, que também tu não sabes o que é.

Gosto da tua pele. Do teu cheiro. Do teu abraço forte e sincero. Do teu peito, onde me refugio, dos outros, às vezes de ti, e demasiadas vezes de mim mesma.
Quero sentir de novo que te quero, como da última vez em que nos vimos.
Quero puder dizer que te quero, sem ter medo de o revelar, sem ter medo de o engolir em silêncio, algures entre um beijo e outro.
Quero puder dizer que te quero, sem que a palavra se perca entre beijos que não a sentem.

Porque eu não tenho ninguém para quem regressar.
Não tenho o Mundo a sorrir, nem alguém à minha espera de braços abertos, para voltar a esconder-me.
Porque quando saio da tua beira, é como se nunca saísse da tua beira, e nunca chegasse a ir embora.

Li no outro dia que há três espécies de mulher.
A que se admira.
A que se deseja.
E a que se ama. 
E li também, que pode admirar-se uma mulher sem a desejar, e desejar uma mulher sem a amar.
Há uma pergunta óbvia. E tu sabes qual é.
Não quero ter uma coragem infinita, e tentar lutar por uma guerra perdida.
Nem quero pensar, daqui a dez anos, que não era para ser.
Mas, se não é amor, e ambos sabemos que não é, diz-me o que é então.

domingo, 3 de maio de 2015

Memória

Estás longe.
E já são muitos os Invernos em que estás em silêncio e os Outonos em que não vens até mim.
Não pensei que doesse.
Foram tantos os dias em que fomos felizes. 
Lembras-te deles? Lembras-te dos dias em que não havia ausência, dos dias em que éramos verdade e não havia saudade?
Lembras-te de sermos felizes?
Ainda somos?

Se um dia leres estas palavras, vem ter comigo e pede-me um abraço.
Mas não estranhes as lágrimas.
Não estranhes a dor. Ela fala de ti. Do que fomos. Fala dos momentos em que rimos, e em que chorámos. Fala da saudade e da esperança de te reencontrar.
Já só és memória em mim.
Memória.
Sempre a maldita da memória.

Ainda sinto nas minhas mãos o suave toque e o calor da tua pele.
Ainda sinto o aroma do teu perfume que a chuva que cai não apaga e que permanece em mim, entranhado na pele.
Ainda te sinto em mim.
Se te apagasse de mim seria mais feliz?
Se te apagasse de mim serias mais feliz?

Já contei as horas e os minutos, os dias, e os intervalos de tempo para te ver. 
E depois desisti.
Porque o tempo disse-me que não voltarias.
Sempre o maldito do tempo.

Também já te procurei em toda a parte.
E nunca te encontrei em lugar nenhum. Sempre vazio, ausência.
Sempre a maldita da ausência.

E depois quero lembrar-me de ti e não consigo. 
Não vens até mim.
E depois acontece o que mais temia.
A maldita memória já não permanece.
O maldito tempo já não pára.
Mas a maldita ausência continua.
Algum dia deixarás de o ser?

Quando foste embora levaste-me contigo.
Porque foste embora e já não voltas.
Levaste-me contigo no teu abraço, perdeste-me na saudade e na distância, prometendo que um dia havias de voltar.
Mas esse dia não chega.


O que o tempo leva, o tempo devolve.
O tempo traz verdade.
Mas não te trouxe.
E a chuva continua a cair sobre mim.

sábado, 2 de maio de 2015

O que mais custa

Estou aqui.
Como nunca estive. Como tantas vezes pediste e nunca estive.
Perdoa-me por isso. Por ter estado ausente quando o que mais queria era estar contigo. Quando o que mais queria era estar junto a ti.
Confia em mim.
De novo.

Se algum dia o teu Mundo desabar mas, por favor que nunca isso aconteça, chama-me.
Irei ter contigo onde estiveres, onde quiseres.
Eu tentarei salvar-te. 
Tentarei salvar-nos.
Para que não sejas sempre tu.

Se algum dia quiseres falar, fala. Peço-te as palavras todas. Se for preciso, que as palavras magoem. Mas que nunca fique nada por dizer.

E se quiseres silêncio, pede. 
Se quiseres silêncio, basta o abraço. Aquele abraço.
Desta vez, é diferente. Quero que descanses em mim.
O meu minuto diário deixou de fazer sentido quando percebi que também tu precisavas dele. Precisas dele.
Tens em mim todas as horas.
Tens em mim o teu tempo.

O que mais custa é não saber de ti.
O que mais custa é não conseguir dar-te a paz que precisas.

Porque enquanto me quiseres irei eu ter contigo.
E o que mais custa é não saber se ainda me queres.
Responde quando nos virmos.

Foram tantos os dias em que te pedi silêncio como aqueles em que te calei com um beijo.
Foram tantos os dias em que dissemos tudo. E foram mais aqueles em que ficou tudo por dizer.
Por favor, que nunca nos faltem as palavras.

Podes vir por um abraço.
Sem tempo, sem pressa.
Podes vir apenas pelo silêncio.
Podes vir apenas porque sim.

Porque as pessoas especiais são aquelas que vêem dor onde os outros vêem apenas um sorriso.
Que não haja dor.
Mas se tiver que ser, se tiver que existir dor, que a tua seja a minha. E se existir mágoa, que seja partilhada comigo.
Não te preocupes comigo. Ficarei bem.
Mas não te quero sozinho.

Quando estiver contigo e pedir-te para falar, não me afastes. Quero-te bem.
Quero o teu sorriso e o calor da tua companhia. Quero que estejas bem.

Estou à distância de um abraço. 
Chega sem aviso prévio.
E quando chegares, aconchega-te em mim.

Fala-me de ti. Das tuas loucuras, dos teus excessos. Fala-me da distância, da solidão.
Falemos disto tudo.
De ti.
De mim.

E se ao leres estas palavras não vieres ter comigo e pedir-me um abraço fica sabendo, que irei eu ter contigo.
Porque sei que estarás cansado, que a tua vida estará virada do avesso.
E ainda que não me queiras, irei eu ter contigo. Não precisas de me dizer. Sei que irás precisar de mim.


Já te disse que me fazes falta? 
Fazes-me falta.
Vem, e traz a saudade.
Tens em mim o teu espaço.

domingo, 26 de abril de 2015

Se for preciso, mente-me

Se um dia disser que te amo, tanto como noutro dia qualquer, mente-me.
Se numa loucura, na tua cama, no meio dos teus lençóis, entre as quatro paredes do teu quarto, tiver um momento de lucidez e disser que te amo, não pares.
Porque quanto mais me iludes mais eu te adoro, e peço-te para não fugires.

Se um dia quiseres falar disso, falemos.
Volta e fica comigo. Adormece-me de novo. Afasta os pesadelos e os fantasmas que nos atormentam. Porque só tu me acalmas. Só tu trazes a paz que preciso. Serás sempre o meu porto de abrigo.
Se for preciso, mente-me.

Que nunca fiquem abraços por dar, promessas por cumprir.
Que nunca fiquem momentos por partilhar.
Que nunca te faltem as palavras. Por favor, que nunca te faltem as palavras.
Se for preciso, mente-me.

Tenho os meus braços à volta do meu corpo porque não estás comigo e sinto a tua falta. Sinto falta do teu toque. É incrível como sinto a tua falta. O meu corpo habituou-se a ti.
E se não estás comigo, não estás em mim.
E se não estás em mim, não estou contigo.

Se for preciso, falemos da ausência, da distância, da saudade. Fala comigo.
Quando eu quiser falar de nós, diz-me que estamos bem. Mas não mintas. Sobre isto, não mintas.
Quando eu quiser falar do passado, diz-me que tudo ficará bem, que não vais deixar a dor voltar e a mágoa renascer.
Quando eu quiser falar do passado, cala-me com um beijo. Pede-me para parar e diz-me que vou ser feliz.

Quando eu quiser chorar, encosta-me a ti, e deixa as lágrimas caírem. Se algum dia molhar a tua camisa, perdoa-me. Mas não olhes para mim.
Não quero que a minha dor seja a tua dor. Quero que a tires de mim. Que a arranques de mim, da raiz como a uma erva daninha, pois só assim não voltará a nascer.

Fazes-me falta.

Mas a vida não é mais do que essa sucessão de faltas que nos animam. 




Porque depois da liberdade, a esperança.
Será que ainda me resta tempo contigo?

sábado, 25 de abril de 2015

A ti

Quero dizer-te tanta coisa mas acabo por nunca dizer nada.
Provavelmente não te conheço assim tão bem quanto penso, mas sentir que és uma parte de mim, por mais pequena que seja, é o que me basta para tentar encontrar-te em todas as esquinas em que não nos cruzámos.
Deixa-me conhecer-te por completo no teu perfeito total. Deixas?

Temos frases só nossas, momentos só nossos que são capazes de marcar, como a mim marcaram e continuam a marcar.
Temos olhares só nossos que bastam para tranquilizar. 
Quando o Mundo lá fora está de pernas para o ar. 
Quando a vida dá tantas voltas e só tu percebes.

Também podes encostar-te a mim sempre que quiseres, olhar para mim e pedir-me um abraço, olhar para mim e pedir silêncio.
Como se me faltasse o ar quando não te tenho e me faltasse ainda mais quando te tenho, lembras-te?

Gosto de olhar para ti.
Porque dizem que os olhos são o espelho da alma, e não sabes quão bela é a tua.
Porque a minha está carregada de momentos, palavras e horas que existiram. Em mim e em ti.

Daqui a dez anos continuarás a ser o fantasma mais presente na minha vida e, se não estiveres onde estou, não sei porque irei ver-te sempre em mim. Porque sei que irei ver-te sempre. Sei que estarás sempre.
Daqui a dez anos o meu lado lunático virá ao de cima sempre que me lembrar do que não passámos e das noites que dormi sem ti.
Daqui a dez anos vou lembrar-me de nós. E vou sorrir.


Tantas vezes chego a casa sozinha e procuro-te em cada canto. Não tenho medo dos barulhos cá de casa, mas a casa sabe a tua voz. E ecoa-a em todo o lado.
Já te disse hoje que foste a pessoa por quem eu mais suspirei e nunca estivemos juntos? E quem diz suspirar diz prazer, e quem diz prazer diz... tu sabes.
Daqui a dez anos vou lembrar-me disto. Daqui a dez anos, vais lembrar-me disto.
Alimentava-te a alma.

Podia pedir-te desculpa. Dizer-te, olha, desculpa, aconteceu. E podia dizer-te que preferia ter-te encontrado há cinco anos atrás. Para quê? Não seria como é agora. Porque não temos nada, mas temos tudo, lembras-te?
Ninguém manda no coração mas gostava que mandasses no meu.
Ninguém é perfeito, mas eu gostava de ser. Para ti.

Não era suposto falar de ausência. É difícil. Tu sabes.
Mas já pensei nisso quando estivemos juntos.
Porque, de que me adianta pousar os meus lábios nos teus e beijar-te, abraçar-te e preencher-te a alma, se não posso ter o teu coração?
Porque és tu o amor. E se não houver tu mais vale haver apenas eu. Afinal de contas, antes passar a minha vida a apenas sonhar que sou tua, que passar a minha vida a fingir que sou de outra pessoa.

Não era suposto falar de ausência contigo. Tu que me preenches. Que apagas a dor e renovas a esperança. Isso basta.
Basta-me olhar para ti e fechar as tuas pálpebras com a minha mão, chega-me olhar para ti e passar os meus dedos pelos teus lábios, chega-me a tua presença, chega-me olhar para ti e adivinhar o que estás a pensar.
Não preciso sequer que fales.

Perdoa-me as vezes que te ignorei, que fui orgulhosa, e que quis fugir de ti.
Perdoa-me as vezes em que me escondi de ti. As vezes que te magoei, em que fui egoísta, em que precisaste de mim e eu não estive lá. Em que nunca estive.

Gostava que me mentisses. Que por uma vez me dissesses que sim, que o passado é passado e já não volta.
Tenho duas almas em guerra por ti, e não sei qual ganhará.

Já tivemos dias como o de hoje. De tempestade.
Já saí do teu carro zangada, bati a porta com força, e jurei que nunca mais iria falar contigo.
Mas também já pensei que não querias ver-me e estar comigo.
Mas estiveste.
E eu voltei a falar.
Amar é permitir que nos magoem, lembras-te?

Espero que um dia possas perdoar-me.
Espero que um dia falemos disto.
O amor não é complicado.
As pessoas é que são.
"Pessoas que nos mimam em silêncio, que nos dão um abraço onde cabe o Mundo inteiro", lembras-te?

Porque hoje é o dia da Liberdade.
A ti.
Obrigada.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

E se um dia acordar?

Fazes-me falta, de novo.
E disseste, da última vez que falamos, que também sentias a minha falta.
Saí de casa, e não falei de ti. Porque tive medo de ouvir que não era bom sentir saudades tuas. Tive medo de ouvir, mais uma vez, que o melhor era virar a página. Mas será que ninguém percebe que é isso, precisamente, o que eu não quero? Que não quero apagar-te de mim, que te quero gravar em mim? Porque foste o melhor que me aconteceu. Foste até hoje, o melhor de mim.
Tenho medo de esquecer-te.
E sei que isso, é talvez, o mais provável de acontecer.
E se um dia acordar, e souber que não voltarás?
Depositei em ti tudo o que quis ser.
Sabia que podia contar contigo. No momento certo, e seria capaz de marcar. Como marcou.
Como naquele dia, no banco de jardim, o sol brilhava e os teus olhos também. Era Verão, e cheirava a mar. Falámos de nós. Disse-te que queria estar sozinha. Não percebeste que não era longe de ti, mas sozinha, contigo? Que estarias sempre em mim, acontecesse o que acontecesse.
Estávamos bem. Éramos felizes, lembras-te?
E se um dia acordar, e souber que não voltarás?
E se perder tudo aquilo que tivemos?
E se perder a sensação de te ter de novo? De, simplesmente, voltar para os teus braços, fechar os olhos e pensar que agora está tudo bem.
Uma carícia no rosto, um beijo sobre as lágrimas que caiem, quando algo vai mal.
Faltar o ar quando não se tem, e faltar ainda mais quando se tem.
A saudade que dá, aquele aperto no coração longe de quem se gosta. É no início da semana pensar, que nunca mais vem o fim para te ver.
Disseste que ajudava a suportar os teus dias de tempestade. 
Quando te vir, vou perguntar-te, porque transformaste os meus numa?

Mais de que um gesto, talvez a palavra defina melhor o Homem.
E, por vezes, não é o excesso de palavras que magoa.
Mas a falta delas.
Volta, e traz todas as palavras que tens para dizer. Traz o abraço que tanto preciso, e a saudade que disseste que tinhas. 
Estarei sempre aqui, à tua espera, para te ouvir.